Os autotestes para COVID-19 são realmente eficazes?

9 de fevereiro de 2022

Nas últimas semanas a população vem sendo bombardeada de informações a respeito da falta de testes para diagnóstico da Covid-19 no setor público e privado. Laboratórios de análises clinicas têm enfrentado grandes dificuldades na aquisição e entrega de kits para realizar testes de antígeno e RTPCR, além de insumos necessários aos atendimentos.

Importadores e representantes dos grandes fabricantes no mundo, estão aproveitando a situação e aumentando seus preços além de estabelecerem a forma antecipada de pagamento para entrega dos testes e insumos. É a famosa lei de quem tem poder financeiro: sempre ficam com a maior e melhor fatia do bolo. Isso faz com que os pequenos e médios laboratórios, já fragilizados, fiquem sem acesso aos testes necessários para atender a população. São esses pequenos e médios laboratórios que fazem a capilaridade do atendimento, principalmente aos usuários do SUS.

Com essa dificuldade de acesso aos testes, aparece como “tabua salvadora” a discussão sobre a venda de autotestes para Covid-19. Esses “autotestes´ são uma versão adaptada dos testes para detecção de proteínas (antígenos) presentes no capsídeo viral do SARS-CoV-2 amplamente utilizados nos laboratórios clínicos. Esses testes, quando bem executados, acusam uma infecção pelo vírus que está acontecendo naquele momento. É um teste direto e rápido, fica pronto em 15 minutos; diferente do RTPCR que busca o material genético do vírus e leva cerca de 12 horas de processamento no laboratório.

O teste impõe algumas dificuldades para o usuário:

  • Respeitar o período da infecção onde o teste é efetivo.
  • Colher adequadamente a mostra com o swab.
  • Interpretar o resultado
  • E o que fazer de posse de um resultado positivo.
  • Pagar entre R$ 75,00 e R$ 120,00 por um teste sem direito a reclamar se não se sair bem na sua execução ou não souber interpretar o resultado

 

A população brasileira não está habituada a executar autotestes. Somente os brasileiros diabéticos que medem sua glicemia diariamente ou algumas mulheres que usam os testes de gravidez comprados em farmácias que convivem com esses testes. Mesmo os autotestes de HIV, distribuídos na rede pública, “não pegaram”, justamente pelas dificuldades impostas pelo método e a falta de confiança da população usuária.

A forma correta de colher, creio ser o maior obstáculo; o usuário provavelmente não irá alcançar, com o swab, a região nasal adequada para obtenção de uma amostra adequada, devido ao desconforto provocado. Serão amostras mais superficiais que poderão levar a resultados falso negativos. Por outro lado, a coleta em profundidade ou com força exagerada poderá causar ferimentos e sangramentos que inviabilizam a coleta e comprometem a amostra com a presença de sangue.

O custo do teste também o restringe a uma faixa muito pequena da população que tem poder aquisitivo para sua aquisição. Será um teste elitizado uma vez que o governo já informou que não irá distribuir os testes gratuitamente na rede pública de saúde. O valor proposto é muito próximo dos praticados pelos laboratórios clínicos sendo que no laboratório o cliente terá um profissional capacitado para colher corretamente a amostra e no período certo, além de receber um laudo assinado por um profissional habilitado. Esse laudo terá valor diagnóstico para o médico.

O autoteste não tem valor diagnóstico, é um teste de triagem que certamente será repetido em um laboratório para auxiliar no diagnóstico médico. Um custo elevado para o sistema de saúde que terá de atender um paciente na maioria das vezes sem sintomas, mas que testou positivo num teste mal interpretado ou mal realizado. Tal condição pode sobrecarregar ainda mais os serviços de pronto atendimento já abarrotados de pacientes com síndromes gripais.

Mesmo que todos esses percalços sejam sanados, os autotestes ainda não estarão disponíveis imediatamente após a decisão da ANVISA em liberar sua produção, importação e comercialização. Os fabricantes e importadores terão de registrar todas as diferentes marcas na ANVISA. A aprovação leva tempo e pode ser que até lá, já não sejam tão necessários.

Diante de todos esses fatos, o melhor caminho para a população é procurar seu laboratório de confiança para realizar um teste de qualidade com um profissional capacitado e habilitado.

 

Edgar Garcez Júnior
Biomédico
Conselheiro titular CFBM

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