Principais especialistas do Brasil debatem o papel decisivo da profissão na construção de um futuro mais seguro frente às mudanças climáticas
A Saúde é um pilar fundamental da agenda climática, e o trabalho dos biomédicos contribui diretamente para a proteção da vida e para a preparação dos sistemas de saúde frente às mudanças ambientais que serão enfrentadas nos próximos anos por todo o planeta. Esse foi um dos principais destaques da participação da Biomedicina em um dos eventos globais mais importantes desta década: a COP30. A agenda reuniu em Belém (PA) líderes mundiais, cientistas e instituições para discutir o futuro do planeta sob o olhar da sustentabilidade, da inovação e da responsabilidade socioambiental.
Os biomédicos atuaram em diferentes frentes, desde a organização até painéis técnicos. O destaque foi o estande do Instituto Evandro Chagas (IEC), na Green Zone, com programação rica em palestras, rodas de conversa e apresentações técnicas. No espaço, foi dada voz à ciência produzida na região Amazônica e reafirmado o compromisso ético da Biomedicina com a promoção da saúde, a justiça social e a defesa das florestas brasileiras.
A conexão da atuação em áreas-chave como vigilância em saúde sensível ao clima, doenças infecciosas influenciadas por fatores ambientais, pesquisa aplicada à adaptação climática em saúde pública, tecnologias diagnósticas e inovação biomédica, e a proteção de populações vulneráveis, especialmente na Amazônia, foram alguns dos temas debatidos pelos principais especialistas do País.
Para o presidente do Conselho Federal de Biomedicina, o biomédico doutor Edgar Garcez Junior, a presença dos biomédicos na COP30 destacou o valioso papel da profissão ao levar conhecimento, pesquisa e inovação às pessoas, mostrando que cuidar do planeta também é cuidar da vida. “Biomedicina é ciência, é pesquisa e é o compromisso com o futuro. Valorizamos o compromisso de todos os profissionais que participaram do maior evento de proteção ao Meio Ambiente da história”.
Mudanças climáticas e doenças
A biomédica doutora Nathália Siqueira destaca o importante debate da relação direta entre mudanças climáticas e doenças infecciosas, especialmente aquelas sensíveis às alterações ambientais, como a malária. “Os biomédicos atuam na vigilância, no diagnóstico, na pesquisa translacional e na avaliação de tecnologias que fortalecem sistemas de saúde e aumentam a capacidade de resposta frente aos impactos climáticos. No contexto amazônico, essa contribuição torna-se ainda mais crucial: é nessa região que observamos as mudanças mais intensas no padrão de transmissão de doenças”, explica.
Para a especialista, o cuidado principal é assegurar que a resposta em saúde acompanhe o ritmo da mudança ambiental. E o biomédico reúne competências essenciais para interpretar dados epidemiológicos, validar tecnologias, conduzir análises laboratoriais e traduzir evidências científicas em ações práticas, todas fundamentais para construir sistemas de saúde resilientes às mudanças climáticas.
“A maior preocupação é a vulnerabilidade crescente das populações amazônicas. São prioridades garantir diagnóstico oportuno e de qualidade, especialmente em áreas remotas, onde a infraestrutura é limitada, e fortalecer a vigilância epidemiológica, incorporando tecnologias point-ofcare, métodos moleculares e sistemas digitais capazes de detectar rapidamente surtos associados a eventos climáticos”, justifica doutora Nathália.
Mensagem
A COP30, com seu último dia de programação nesta sexta-feira (21), despede-se deixando ao mundo uma mensagem importante da Biomedicina: os profissionais da área têm um papel decisivo na construção de um futuro mais seguro frente às mudanças climáticas. Mesmo à distância, cada biomédico pode contribuir promovendo ciência de qualidade, fortalecendo a vigilância laboratorial, defendendo políticas baseadas em evidências e engajando-se na proteção das populações mais vulneráveis. A mensagem da Biomedicina na COP30 deste ano é: a Saúde está no centro da agenda climática e a Biomedicina é essencial para transformar conhecimento em ação.
