Principais especialistas do Brasil se reúnem para mostrar como as mudanças climáticas terão impacto direto na vida das pessoas nos próximos anos
A Biomedicina é destaque em um dos eventos globais mais importantes desta década: a COP30, que reúne líderes mundiais, cientistas e instituições para discutir o futuro do planeta sob o olhar da sustentabilidade, da inovação e da responsabilidade socioambiental. O evento acontece até o próximo dia 21, em Belém (PA). Neste cenário, a Biomedicina tem um papel estratégico — integrando Ciência, Saúde e Meio Ambiente, traduzindo em palavras simples estudos complexos que revelam como as mudanças climáticas terão impacto direto na vida das pessoas e na construção de políticas públicas baseadas em evidências.
Os biomédicos atuam em diferentes frentes da COP30, desde a organização até os painéis técnicos. Um exemplo é o estande do Instituto Evandro Chagas (IEC), na Green Zone da COP30, que terá uma programação rica em palestras, rodas de conversa e apresentações técnicas.
Profissionais de todo o Brasil conectam o conhecimento científico de ponta às urgentes questões de saúde pública e ambiental que definem a atualidade. Nos palcos e salas de evento, os biomédicos lançam livros e apresentam resultados de pesquisas vitais de instituições de excelência. Esses trabalhos trazem dados concretos sobre patógenos, vigilância epidemiológica, mudanças climáticas e saúde, oferecendo a base factual necessária para decisões políticas assertivas. Eles são a voz da ciência amazônica, traduzindo a complexidade da biodiversidade local em informações acionáveis para o mundo.
A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, é um dos ecossistemas mais vitais para o equilíbrio climático global. No entanto, o avanço das mudanças climáticas e a degradação ambiental estão transformando não apenas sua paisagem, mas também suas dinâmicas sociais e ecológicas, com impactos diretos na saúde humana.
Diante desse cenário, destaca-se o lançamento do livro “Mudanças Climáticas e Doenças Infecciosas na Amazônia: Uma Reflexão para a COP da Floresta”, escrito pelo biomédico doutor Carlos David Araújo Bichara juntamente com os alunos do curso de Medicina do Centro Universitário Fibra, sendo uma contribuição para o debate sobre os efeitos do aquecimento global e do desmatamento na emergência e reemergência de patógenos na região. O lançamento aconteceu na sexta-feira (14), na Free Zone da COP 30.
O que chama atenção na obra, além de ser uma das grandes novidades, é a preocupação em discutir como a medicina de precisão e a inteligência artificial podem contribuir para o combate das doenças infecciosas. “As alterações climáticas estão afetando os ecossistemas amazônicos e contribuindo para os mais diversos agravos na saúde da população. Existe direta relação entre desmatamento, perda de biodiversidade e o surgimento de zoonoses. O livro é um convite à reflexão e à ação”, alerta o especialista. “A Amazônia não é apenas um patrimônio natural, mas um sistema vivo que sustenta a saúde do planeta. Esperamos que essa obra inspire debates, políticas e iniciativas que fortaleçam a resiliência da floresta e de seus povos diante das crises climáticas e sanitárias”.
Prevenção
Com olhar voltado para o futuro e para a solução desses novos desafios, também é destaque dentro da Biomedicina o reforço na vigilância para prevenção de infecções causadas por esses vírus, como a busca por bioativos amazônicos com potencial antiviral. O tema foi abordado pela biomédica doutora Ana Lúcia Wanzeler, que defende a importância da divulgação de informações relevantes para ciência, para a saúde e para a população.
“O aumento do desmatamento impacta na saúde das pessoas, assim como outras questões relacionadas às mudanças climáticas. A propagação de doenças se reflete no laboratório, no diagnóstico e na saúde pública. O objetivo é aproximar o público da ciência feita na Amazônia, mostrando o caminho da floresta ao laboratório”, defende. O assunto foi tema de atividade no estande do Instituto Evandro Chagas (IEC), na Green Zone da COP30.
Preocupações com as saúdes biológica e mental ganham destaque
A recente crise é uma herança do passado e a geração atual é a responsável pela tomada de consciência, planejamento e início de ações que determinarão o futuro das gerações que virão. As soluções são multidisciplinares e a profissão biomédica é a que mais transita pelas tantas dimensões da Saúde, desempenhando um papel central na integração e interlocução com outras áreas, representando a união necessária para a superação de uma crise que ameaça a humanidade.
As mudanças climáticas enfrentadas pelo mundo são sempre sentidas, em suas consequências finais, como ameaças à saúde humana. Nesse contexto, o biomédico doutor Eduardo Santos participou de uma roda de conversa sobre o papel da pós-graduação na crise climática. O bate-papo foi realizado na Green Zone na quarta-feira (12). “Ciência é essencial para combater essa crise, permitindo entender suas causas, descrever e entender sua abrangência, prever suas consequências e planejar estratégias de mitigação e reversão do quadro atual. Mais de 99% da ciência no Brasil é feita nos programas de pós-graduação, ou seja, ela deve ser fortalecida e respeitada”, explica doutor Eduardo.
Ele defende que os brasileiros serão os mais atingidos quando o assunto é crise climática. “O mundo sofrerá, mas nós sofreremos mais e primeiro. Zoonoses e doenças causadas por poluição emergirão com cada vez mais frequência e intensidade. Endemias ampliarão suas áreas de abrangência e se tornarão epidêmicas e, nós, no centro de tudo, seremos as sentinelas a quem cabe alertar e entender a dinâmica dos processos. As pós-graduações devem se fortalecer e preparar para o que já está acontecendo e o que virá”, explica o biomédico.
Um dos alertas é o impacto indireto causado no sistema imunológico, enfraquecendo as defesas do organismo e aumentando os casos de vírus, por exemplo. O tema foi abordado pelo biomédico doutor Igor Brasil Costa no estande do Instituto Evandro Chagas (IEC), na Green Zone.
Segundo doutor Igor, a lista de doenças relacionadas tem desde herpes labiais até esclerose múltipla, entre tipos de câncer e linfomas. “Registramos uma perturbação biológica, mas também mental. As mudanças de tempo causam desidratação, ou seja, interferem diretamente na comunicação do sistema imunológico e na própria resposta do corpo. A poluição do ar ainda leva ao adoecimento e eleva as chances de reativação de um vírus. Os impactos são aumentos de estresse e ansiedade, causados por alterações emocionais e que interferem em todo o corpo humano”, explica.
Durante a ampla agenda da COP30, os profissionais da Biomedicina exercem um papel triplo e indispensável: são cientistas que geram conhecimento, educadores que compartilham descobertas e profissionais de saúde que protegem a comunidade. Essa participação reforça que não é possível discutir o futuro da Amazônia e do planeta sem ouvir e incluir os biomédicos que decifram e defendem a vida em sua essência. O estande do Instituto Evandro Chagas (IEC), na Green Zone, seguirá com palestras, rodas de conversa e apresentações técnicas nos próximos dias.
