Vencendo o etarismo: Estudantes de Biomedicina acima dos 40 anos mostram que nunca é tarde para aprender

17 de março de 2023

Na última semana, um caso de etarismo viralizou nas redes sociais após três alunas do curso de Biomedicina debocharem de uma colega de classe por conta da idade.  Patrícia Linares, a vítima dos ataques, possui 44 anos e estuda em uma instituição particular de Bauru (SP).

“A princípio eu fiquei muito triste. A tristeza que me abateu foi muito grande, chorei muito. Mas eu nunca desisti da minha vida, nunca desisti de nada, muito menos do meu sonho”, disse Patrícia em entrevista ao Portal G1.

Apesar deste caso de etarismo, nos últimos anos tem havido um aumento significativo no número de estudantes universitários com mais de 40 anos de idade. Enquanto a ideia de ingressar na universidade pode ser vista como uma opção principalmente para jovens recém-saídos do ensino médio, muitos adultos acima dessa faixa etária estão percebendo que nunca é tarde para buscar a educação superior.

A trajetória da estudante Iza Garcia é um exemplo que tem inspirado muitas pessoas e prova que não existe idade certa para buscar conhecimento e realizar sonhos. A aluna de 70 anos de idade também cursa Biomedicina na Universidade Estácio de Sá e ao iniciar o curso se sentiu motivada para continuar investindo em seus objetivos.

Aos 65 anos, ela decidiu que ainda não era hora de parar e resolveu cursar Biomedicina com o intuito de entrar no mundo das pesquisas, e buscar formas para criar medicamentos e promover a cura de doenças.

“Isso mostra o quanto o ser humano em qualquer idade pode fazer o que quiser. Então eu digo, sigam em frente e se realizem na juventude ou na velhice, o que importa é ser feliz naquilo que escolher ser e fazer”, comentou.

De acordo com a universitária, não houve dificuldade na interação com os estudantes mais jovens. O maior desafio foi ter que se adaptar às novas modalidades de ensino e atualizações tecnológicas, mas, contou com a ajuda dos colegas de classe e professores para superar esse obstáculo.

“No início não foi fácil, pois não tinha a menor intimidade com a tecnologia, tive que aprender e contei com os jovens colegas até para aprender a enviar a prova durante a pandemia. Tive que me adaptar ao método de ensino online, o que não foi fácil. Mas com a ajuda dos colegas e dos professores eu sobrevivi e estou aqui. Agradeço muito a todos eles”, destacou.

Outro exemplo de que não há idade mínima para iniciar os estudos é o da administradora, Gisele Radis, que mesmo com uma carreira já consolidada na administração decidiu realizar o antigo sonho de atuar na área da saúde. E no primeiro semestre de 2021, aos 52 anos, iniciou o curso de Biomedicina na PUC Goiás.

“Adoro desafios e senti que era o momento de encarar outro e quem sabe um recomeço profissional. Mas, me senti bem insegura com relação à idade, aos assuntos diferentes do que eu conhecia, o medo de não conseguir”, disse.

Embora no início tenha se sentido insegura, Gisele recebeu incentivo e apoio total da família. Além de ser bem acolhida pelos colegas e professores, ela também percebeu o quanto a maturidade e a experiência de vida ajudam na convivência e no aprendizado durante as aulas na universidade.

“Nunca é tarde para começar algo novo, só saberemos se será bom se tentarmos, o tempo vai passar do mesmo jeito, por isso, escolha sempre o que te faz bem. Sempre gostei de estudar, ler, aprender, conhecer coisas novas, isso sempre foi o combustível para me sentir útil e viva. A educação liberta e transforma”, concluiu.

Dados do Censo

De acordo com o Dr. Silvio José Cecchi, presidente do Conselho Federal de Biomedicina, a idade não importa para quem com dedicação e empenho quer se formar pela primeira, segunda ou terceira vez em qualquer área que seja, sobretudo em cursos de saúde, que por si só já demandam certa maturidade, cuidado e resiliência. “A gente precisa das habilidades dos mais jovens com as novas tecnologias e da maturidade daqueles considerados mais experientes. Essa troca de conhecimentos, certamente, resulta numa categoria mais humanizada”, destacou.

O mais recente Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostra que em 2021, 599.977 pessoas acima dos 40 anos foram matriculadas em algum curso superior. O número indica um aumento de 171,1% nos últimos dez anos, entre 2012 e 2021.

Somente no Distrito Federal, em 2021, 28.578 pessoas com essa faixa etária se matricularam em instituições de ensino superior, de acordo com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).

Os dados revelam que cada vez mais pessoas estão buscando a educação superior em idade mais avançada. Esse aumento pode estar relacionado a diversos fatores, como a necessidade de atualização profissional, a busca por uma melhor posição no mercado de trabalho ou até mesmo a realização de um sonho adiado por motivos pessoais.

Esse aumento na presença de alunos com mais de 40 anos nas instituições de ensino superior, é um reflexo da mudança na cultura educacional, e da importância crescente do sistema de aprendizagem ao longo da vida. A educação superior não é mais vista como algo que se encerra na juventude, mas como uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional em qualquer fase da vida.

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