Com uma carreira extensa e profícua dentro da Biomedicina, a Dra. Janaina Naumann não se contêm quando o assunto é a sua atuação como biomédica e docente em Instituição de Ensino Superior. Mãe de gêmeos, ainda bebês, ela concilia as atividades de casa com as funções profissionais e ainda é a única mulher a integrar o quadro de conselheiros titulares do Conselho Federal de Biomedicina.
Gaúcha, mestre em Tecnologia em Saúde e doutoranda em Políticas Públicas, a biomédica se apaixonou pela profissão quando ainda era estudante de Direito, em 2002. Hoje, ela é habilitada em Análises Clínicas e Imagenologia, se descobriu na docência e pesquisa. Iniciou suas atividades como professora na Faculdade onde se graduou (Centro Universitário de Maringá- Unicesumar) e em seguida aceitou o desafio de implantar e coordenar o curso de Biomedicina no interior do Paraná (PR). Seu relacionamento com as entidades de classe começou em 2012, quando iniciou a atividade como Delegada do Conselho Regional de Biomedicina – 1ª Região.
Em maio de 2016, Janaina Naumann foi empossada em Brasília como Conselheira Titular do Conselho Federal de Biomedicina para a gestão de 2016 a 2020. Ela não se furta ao elogiar os companheiros de Conselho e confere a eles, sobretudo ao Dr Silvio José Cecchi, Dácio Campos e Edgar Garcez, grande admiração por todo o trabalho feito para que a Biomedicina chegasse onde chegou hoje.
Confira a entrevista com Janaína Naumann na íntegra
CFBM: Fale um pouco como é a atuação de um Conselheiro e por que escolheu participar da entidade de classe?
Janaina Naumann: Os Conselhos Profissionais tem como principal função regulamentar e fiscalizar o exercício da profissão. Sendo assim, a função de um conselheiro é auxiliar para que isso ocorra da melhor maneira possível. Os conselheiros tem entre as suas incumbências julgar os processos em grau de recurso e votar as propostas de Resolução que disciplinam as atividades biomédicas, bem como supervisionar os Conselhos Regionais.
Escolhi participar do Conselho Federal por amor que sinto pela profissão, por acreditar que seria uma boa maneira de ajudar os colegas e assim colaborar para o crescimento da profissão e da valorização do profissional.
CFBM: É a única mulher na história do CFBM. O que representa atuar nesse meio, majoritariamente masculino?
Janaina Naumann: É uma honra representar as mulheres, as Biomédicas. Mas, isso só foi possível graças ao apoio de homens que entenderam a necessidade de uma mulher no grupo. Acredito que não tivemos representação antes, pelas limitações que enfrentamos, ao deixar a família a casa. Sou grata, pela confiança desses homens que são referência para mim, em especial ao Dr. Silvio, Dr. Dacio e Dr. Edgar e demais colegas, que tanto me ensinam e que dividem o mesmo amor pela biomedicina.
CFBM: Quais são os seus objetivos dentro do Conselho Federal de Biomedicina?
Janaina Naumann: Atuar com ética e sabedoria, auxiliando os colegas na resolução de seus problemas. Divulgar nossa profissão, para que os Biomédicos sejam ainda mais valorizados e conquistem o lugar que merecem no mercado de trabalho.
CFBM: Conte um pouco de sua história com a Biomedicina.
Janaina Naumann: Estudante de Direito conheci a Biomedicina, logo me encantei e decidi mudar de curso. Durante a faculdade a cada semestre gostava mais, comecei a entender o verdadeiro papel de um Biomédico e diante das várias opções de atuação do profissional, comecei a pensar com qual área me identificava mais. Sou habilitada em Análises Clínicas e Imagenologia, mas me descobri na docência e pesquisa. Iniciei minha atividade como professora na Faculdade onde graduei, em seguida aceitei o desafio de implantar e coordenar um curso de Biomedicina no interior do Paraná. No ano de 2012, iniciei as atividades como Delegada do Conselho Regional de Biomedicina – 1 Região, assim passei a entender melhor o papel do Conselho na vida dos profissionais. Por acreditar, que o profissional deve estar sempre atualizado fiz especialização, mestrado e estou no doutorado.
CFBM: Recentemente, foi divulgada pelo SPC Brasil uma pesquisa que diz que apenas 36% das mulheres dividem seus afazeres domésticos com seus companheiros. Ou seja, mesmo reivindicando igualdade de espaço profissional as mulheres ainda acumulam muito mais funções do que os homens. No seu caso, mãe de gêmeos ainda bebês, como é conciliar a vida profissional, a familiar e ainda ser conselheira do Conselho Federal de Biomedicina?
Janaina Naumann: A mulher, naturalmente, concilia diversas atividades. Conseguimos desenvolver os trabalhos referentes às atividades do lar e ao mesmo tempo ter destaque na vida profissional. Percebo, que cada vez mais as mulheres adiam a maternidade querendo cumprir as etapas para o crescimento profissional antes dos filhos, talvez por medo de não terem o tempo suficiente para dar a atenção necessária ou ainda por receio de não poderem se dedicar ao trabalho integralmente. A sociedade exige de nós e nós exigimos de nós mesmas. Hoje, os gêmeos estão com três anos, nasceram e estão crescendo comigo em uma rotina intensa de trabalho, convivendo com minha ausência em muitos momentos. Essa rotina é possível, por existir uma estrutura familiar que dá todo suporte necessário. Quando se tem certeza que está no caminho certo, conseguimos conciliar a maternidade e a vida profissional e esse é o exemplo que quero passar pra eles, que sempre lutem por aquilo que acreditam e que consigam ser completos, tendo a família como base para o sucesso em todas outros projetos que forem realizar.
CFBM: A biomedicina é uma ciência que demanda dos profissionais muita atenção aos pequenos detalhes. Na hora do diagnóstico, ser mulher favorece?
Janaina Naumann: Sim, a mulher é naturalmente detalhista. Para um diagnóstico preciso, é necessário muita atenção no procedimento realizado e essa característica feminina é algo fundamental para que se obtenha um bom resultado.
CFBM: A biomedicina é uma profissão em sua maioria, exercida por homens ou mulheres?
Janaina Naumann: Pelas mulheres, percebemos isso nas Instituições de ensino, onde são a maioria. Com o crescimento da habilitação em Estética elas se destacam ainda mais. Embora, os homens também estejam se interessando cada vez mais pela área e atuando em diferentes habilitações.
CFBM: Quanto ao reconhecimento dos profissionais, o que ainda precisa ser feito para que a sociedade reconheça a importância do biomédico, na sua opinião?
Janaina Naumann: A sociedade reconhecerá a nossa importância quando conhecer melhor nossas atividades e entender a necessidade da presença de um biomédico em diferentes setores. O biomédico é um profissional diferenciado, um dos mais completos atuando na área da saúde, com características bem distintas dos demais. Para obtermos esse reconhecimento, é necessário continuar divulgando nosso trabalho mostrando nossos diferenciais e nossas competências.
CFBM: Enquanto conselheira, qual legado você pretende deixar para Biomedicina no Brasil?
Janaina Naumann: Uma das metas para essa gestão do CFBM é a criação de novos Regionais, seguindo essa linha, lutamos para fortalecer a classe biomédica e formar grupos que possam auxiliar nesse trabalho em suas regiões. Ha algum tempo, trabalho essa ideia e acredito que o grande legado para os profissionais biomédicos, será a criação do CRBM 6ª região, no estado do Paraná, tenho certeza que essa será minha maior contribuição: a valorização de um estado que faz a diferença na Biomedicina.