Em janeiro, a conselheira do Conselho Federal de Biomedicina, Dra. Janaina Naumann, tomou posse como secretaria de Desenvolvimento Econômico do Munícipio de Guarapuava/PR. A biomédica é a primeira mulher a assumir essa função em uma das maiores cidades do estado. Segundo Naumann, toda sua atuação na Biomedicina foi vital para que ela fosse escalada para essa função, que demanda, dentre outros critérios, experiência, organização, responsabilidade e transparência.
CFBM: Dra. Janaína, fale um pouco sobre como pretende aplicar a sua experiência como biomédica na secretaria de Desenvolvimento Econômico de Guarapuava?
A Secretaria de Desenvolvimento Econômico é um novo momento na minha carreira, e, certamente, foi a minha gestão na área da saúde que me trouxe até aqui. Há quase 15 anos acumulo experiência com liderança de pessoas, planejamento estratégico e tomadas de decisões.
A minha atuação com a gestão pública, enquanto biomédica, sobretudo no executivo, vem desde 2009 quando entrei no Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região e atuei como delegada do CRBM-1, no Paraná, por 8 anos. De lá pra cá, assumi cargos de liderança, enquanto presidente do Conselho Regional de Biomedicina da 6ª Região (2017 – 2021), me mantenho no corpo de titulares do Conselho Federal de Biomedicina desde 2016 e também já passei por outros cargos de gestão pública no Governo do Estado do Paraná e no Governo Federal.
CFBM: Qual é o papel da Secretaria de Desenvolvimento Econômico?
A secretaria de Desenvolvimento Econômico é responsável pela Agência do Empreendor, Agência do Trabalhador e Aeroporto de Guarapuava além de diversas ações que geram parcerias e investimentos para Guarapuava. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico exerce um papel fundamental para o crescimento do município, por meio da atração de investimentos, no fomento ao empreendedorismo, na inovação tecnológica e oferta de qualificação profissional em consonância com as demandas do mercado de trabalho.
Eu me sinto orgulhosa, assim como tantas outras mulheres lutei e luto todos os dias para ocupar o meu espaço. Olhar para Guarapuava hoje e ver tantas mulheres em cargos de liderança me deixa com esperança, espero construir uma cidade melhor para que outras mulheres possam enxergar um futuro de conquistas. Mulheres em cargos de liderança representam desenvolvimento, projetos e políticas públicas mais justas. A diversidade gera ideias incríveis, espero que junto com as lideranças que atuam na prefeitura possamos trazer transformação
CFBM: A senhora também é idealizadora de um programa de sucesso na área da Biomedicina que é o Mulheres Biomédicas. Fale um pouco sobre esse projeto?
Dra. Janaína – O Mulheres Biomédicas sempre será um projeto que estará entre as minhas prioridades, independente do cargo que eu ocupe ou onde eu esteja. Mesmo porque, ele transcende um programa de categoria profissional e integra um projeto de realização pessoal, onde posso estimular o que acredito ser necessário para melhorar a sociedade, de um modo geral; incentivar, empoderar e encorajar mulheres é uma bandeira pra mim.
A prefeitura de Guarapuava [PR] agora tem paridade no secretariado, somos 50 – 50. Isso é uma tendência que eu acredito logo estar no Brasil e no mundo. Nós mulheres temos que ter nosso espaço, não por sermos mulheres, mas por sermos competentes para assumirmos o nosso lugar e termos o devido reconhecimento.
A Organização das Nações Unidas [ONU MULHERES] lançou uma iniciativa global que prevê 50-50 em 2030, um passo decisivo para a igualdade de gênero. Espero que essa agenda seja tão brevemente alcançada.
O que é o Programa 50 -50?
Dra. Janaina – Quando falo 50 – 50, me refiro ao Programa da ONU Mulheres que objetiva a real equidade de gênero até 2030. Ou seja, homens e mulheres equiparados pela competência. Além disso, o Programa prevê outros benefícios para as mulheres.
O Brasil foi um dos primeiros países a aderir à iniciativa Planeta 50-50 por meio da sanção da tipificação do crime de feminicídio, em março de 2015. São outros compromissos do país registrados na plataforma global: garantia de que todas as mulheres em situação de violência encontrem proteção e apoio no programa Mulher, Viver sem Violência; cuidados de saúde materna e assistência às meninas; plano para os cuidados prestados às vítimas de violência sexual por parte de profissionais de segurança pública e de saúde; grupo de trabalho sobre a saúde para as mulheres com deficiência; licença-maternidade para mulheres militares; permissão de registro do nascimento de filhas e filhos sem a presença do pai.
CFBM: Sobre sua atuação no Conselho Federal de Biomedicina, quais são as suas principais demandas e quais são os planejamentos para 2023?
Dra. Janaina – No Conselho estamos muito focados nas demandas de mercado de trabalho e nas necessidades dos Biomédicos. A grade curricular do curso de Biomedicina é muito rica e permite que possamos nos qualificar para atuar com qualidade em diversas áreas de atuação. Portanto, o que pudermos fazer para engrandecer e inserir o biomédico, faremos. Além do mais, coordeno a Comissão de Comunicação e estamos preparando novidades para 2023 que aproximarão ainda mais o CFBM dos biomédicos.
CFBM: A senhora se candidatou à deputada federal em 2022 e foi bem votada no seu estado, mesmo não sendo eleita. Conte um pouco da sua experiência com a política e se ainda pretende continuar no pleito eleitoral.
Só tenho que agradecer aos votos que recebi nos 170 municipios do Paraná. Certamente, grande parte desses votos foi a Biomedicina que me trouxe, uma vez que no estado eu já venho representando a categoria biomédica desde 2009, seja como delegada do então CRBM-1 (que atuava no estado), na presidência do CRBM-6, da Associação Paranaense de Biomedicina ou até mesmo com o Mulheres Biomédicas.