Durante o evento Biomedicina in Rio, realizado no início de junho, o Dr. Orlando Laitano, Professor Assistente do Departamento de Fisiologia Aplicada e Cinesiologia e renomado diretor do Laboratório de Fisiologia Muscular e Ambiental, recebeu o título de Biomédico Honorário. Essa honraria é um justo reconhecimento aos seus notáveis trabalhos e pesquisas desenvolvidos em prol da saúde. A dedicação do Dr. Laitano à pesquisa biomédica tem sido responsável por impulsionar avanços significativos e promissores na área da Biomedicina.
Sua notável contribuição para o campo da pesquisa biomédica é amplamente reconhecida, com seus estudos financiados pelos renomados Institutos Nacionais de Saúde e pelo prestigioso Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Esses investimentos demonstram a confiança depositada em seu trabalho e a importância de suas descobertas para a ciência e a saúde humana.
Confira a entrevista na íntegra e conheça mais sobre o trabalho inspirador do Dr. Orlando Laitano.
CFBM: O senhor recebeu durante o Biomedicina in Rio o título de Biomédico Honorário pelos inestimáveis trabalhos que tem feito em prol da saúde, trabalhos que contribuirão significativamente para a Biomedicina. Qual é a representatividade desse título para o senhor e quais as suas impressões sobre a Biomedicina brasileira?
Dr. Orlando Laitano: Receber o título de Biomédico Honorário durante o Biomedicina in Rio foi uma grande honra para mim. Esse título representa o reconhecimento dos meus esforços e contribuições no campo da saúde, e me enche de orgulho por ser reconhecido por colegas e profissionais da área. Quanto à Biomedicina brasileira, tenho impressões muito positivas. Vejo um campo em constante crescimento e desenvolvimento, com profissionais dedicados e qualificados. Acredito que a Biomedicina brasileira tem um papel fundamental na melhoria da saúde da população, com avanços em pesquisas, diagnósticos e tratamentos. Estou otimista quanto ao futuro da Biomedicina no Brasil e confiante de que continuaremos a contribuir para o avanço da ciência e da saúde em nosso país.
CFBM: O senhor é brasileiro e há um bom tempo atua nos Estados Unidos. Conte um pouco sobre a sua trajetória profissional.
Dr. Orlando Laitano: Sou brasileiro e tenho atuado nos Estados Unidos há 9 anos. Minha trajetória profissional começou no Brasil, onde obtive meu diploma de graduação em Educação Física na Universidade Luterana do Brasil, no Rio Grande do Sul. Após concluir a graduação, decidi buscar oportunidades de aprimoramento e desenvolvimento profissional na Inglaterra. Foi um desafio emocionante e enriquecedor, pois tive a oportunidade de me envolver em projetos de pesquisa e trabalhar com renomados cientistas e profissionais da área. Obtive meu doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul com período sanduiche na Brunel University em Londres, onde me especializei em minha área de atuação. Desde então, tenho trabalhado em instituições acadêmicas e colaborado em projetos de pesquisa inovadores, contribuindo para avanços científicos e para a formação de novos profissionais na área da saúde. Minha trajetória profissional nos Estados Unidos tem sido gratificante, permitindo-me adquirir experiência internacional, estabelecer parcerias colaborativas e expandir meu conhecimento em minha área de expertise. Estou comprometido em continuar contribuindo para a ciência e a saúde, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, e em promover o intercâmbio de conhecimentos entre os dois países.
CFBM: No Biomedicina in Rio, o senhor apresentou um estudo que refere-se à diferença de sexo na resposta da intermação induzida pelo exercício. Qual é a importância desse estudo e o que podemos esperar da aplicação prática dele?
Dr. Orlando Laitano: No Biomedicina in Rio, apresentei um estudo que abordou a diferença de sexo na resposta à intermação induzida pelo exercício em modelos pré-clínicos (ex.: camundongos). Esse estudo, publicado no Journal of Applied Physiology, é de extrema importância, pois a compreensão das diferenças entre machos e femeas na resposta ao exercício e na termorregulação pode ter implicações significativas para a prática clínica e para o desempenho atlético. Ao analisar a resposta da intermação, ou seja, o aumento excessivo da temperatura corporal durante o exercício, em diferentes sexos, podemos identificar possíveis diferenças fisiológicas e adaptativas entre homens e mulheres. Isso pode fornecer insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento mais específicas e eficazes. Além disso, o estudo pode contribuir para a melhoria do desempenho atlético, uma vez que compreender as diferenças de resposta à intermação entre homens e mulheres pode auxiliar no desenvolvimento de estratégias de treinamento mais individualizadas e direcionadas a cada sexo. No que diz respeito à aplicação prática desse estudo, espera-se que os resultados possam influenciar a forma como os profissionais de saúde, como médicos, fisiologistas e treinadores, abordam a intermação induzida pelo exercício em homens e mulheres. Isso pode incluir a adaptação de protocolos de exercício, estratégias de hidratação e resfriamento, e a personalização do acompanhamento e tratamento de indivíduos de diferentes sexos. Em suma, o estudo sobre a diferença de sexo na resposta da intermação induzida pelo exercício tem o potencial de contribuir para a prática clínica, aprimorar o desempenho atlético e promover uma abordagem mais individualizada e eficaz para o cuidado da saúde, considerando as características específicas de cada sexo.
CFBM: Também durante o evento, o senhor falou sobre o incentivo financeiro que a sua pesquisa recebeu do exército americano. Qual é o interesse do exército nessa pesquisa?
Dr. Orlando Laitano: Durante o evento, mencionei que minha pesquisa recebeu financiamento do exército norte-americano. O interesse do exército nessa pesquisa está relacionado aos potenciais benefícios que os resultados podem trazer para a saúde e desempenho dos militares em situações de treinamento físico intenso e operações em ambientes extremos. O exército tem interesse em compreender melhor como o corpo humano responde ao exercício e à intermação, principalmente levando em consideração as diferenças entre homens e mulheres. Essas informações podem ajudar a desenvolver estratégias de treinamento e protocolos de prevenção e tratamento mais eficazes para os soldados, garantindo sua segurança, saúde e desempenho otimizado durante as operações militares. Além disso, o exército busca avançar no conhecimento sobre a termorregulação do corpo humano, especialmente em relação ao gerenciamento do calor e à prevenção de lesões relacionadas ao calor. Essas informações podem ser aplicadas em ambientes de combate, treinamento em condições adversas e situações que exigem um alto nível de desempenho físico dos militares. Portanto, o interesse do exército na minha pesquisa está diretamente relacionado à busca por soluções e avanços científicos que possam beneficiar a saúde e o bem-estar dos soldados, bem como aprimorar sua capacidade de atuação em diferentes contextos operacionais.
CFBM: A sua pesquisa já chegou a alguma conclusão acerca da(s) diferença (s) de sexo na resposta a intermação induzida pelo exercício? Quais?
Dr. Orlando Laitano: Sim, nossa pesquisa identificou diferenças significativas na resposta à intermação induzida pelo exercício entre os sexos. Descobrimos que as fêmeas do nosso modelo apresentaram uma maior tolerância à intermação em comparação aos machos. Essa diferença sugere que os hormônios ovarianos podem desempenhar um papel na maior tolerância das fêmeas. Essa conclusão é importante, pois destaca a necessidade de considerar as diferenças de sexo ao desenvolver estratégias de prevenção e tratamento da intermação. Além disso, indica que a resposta à intermação pode variar com base nos perfis hormonais e fisiológicos específicos de cada sexo. No entanto, é importante ressaltar que mais estudos são necessários para entender completamente os mecanismos subjacentes a essas diferenças de resposta à intermação entre os sexos e como os hormônios ovarianos podem influenciar essa resposta. Essa área de pesquisa é promissora e pode levar a avanços significativos no campo da fisiologia do exercício e na promoção da saúde, especialmente para mulheres que se envolvem em atividades físicas intensas em ambientes com risco de intermação.
CFBM: Está sendo firmado um convênio com a Universidade da Flórida que possibilitará o intercâmbio de biomédicos brasileiros nos Estados Unidos e vice-versa. Na sua opinião, qual a importância desse convênio no campo da pesquisa?
Dr. Orlando Laitano: Esse tipo de parceria facilita a colaboração entre cientistas, promove o compartilhamento de conhecimentos e experiências, e impulsiona o avanço da ciência biomédica. O intercâmbio de biomédicos brasileiros nos Estados Unidos permite o acesso a recursos, tecnologias e infraestrutura de ponta disponíveis nas instituições. Isso amplia as possibilidades de pesquisa, oferece novas perspectivas e estimula a inovação. Além disso, este tipo de convênio promove a troca de ideias e o estabelecimento de redes de colaboração entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos. Essas parcerias podem resultar em projetos conjuntos, publicações científicas e avanços significativos nas áreas de interesse mútuo.
CFBM: O Biomédico na graduação tem uma formação sólida e abrangente, que permeia toda a estrutura do corpo humano, sendo assim, de que forma você entende que o Biomédico poderia colaborar com a sua pesquisa, caso recrutasse algum para o seu grupo de estudo?
Dr. Orlando Laitano: O Biomédico possui uma formação abrangente que engloba diversos aspectos da biomedicina, incluindo conhecimentos em anatomia, fisiologia, bioquímica, genética, microbiologia, entre outros. Essa formação sólida permite que o Biomédico desempenhe um papel fundamental em diferentes áreas de pesquisa, incluindo a minha área de estudo. Caso eu recrutasse um Biomédico para o meu grupo de estudo, ele poderia contribuir de diversas maneiras. O Biomédico poderia auxiliar na coleta e análise de dados, realização de experimentos, aplicação de técnicas laboratoriais, interpretação de resultados e na condução de estudos clínicos. Além disso, o Biomédico poderia contribuir com seus conhecimentos em metodologia de pesquisa, ética, elaboração de protocolos e relatórios científicos. A expertise do Biomédico em áreas como patologia, imunologia, farmacologia e bioestatística também seria valiosa para o desenvolvimento da pesquisa. O Biomédico poderia desempenhar um papel importante na investigação de biomarcadores, análise de amostras biológicas, estudo de respostas imunológicas e avaliação de efeitos de fármacos, por exemplo.
Em resumo, a formação do Biomédico o qualifica para contribuir com a minha pesquisa de diversas formas, aplicando seus conhecimentos teóricos e práticos em diferentes aspectos da investigação biomédica. Sua expertise e habilidades laboratoriais seriam um importante complemento para o meu grupo de estudo, fortalecendo a equipe e possibilitando avanços significativos em nossas pesquisas.
CFBM: O que é necessário para o Biomédico habilitado em Fisiologia do Esporte atuar nos Estados Unidos e quais as perspectivas de mercado de trabalho?
Dr. Orlando Laitano: Para um Biomédico habilitado em Fisiologia do Esporte atuar nos Estados Unidos, é necessário atender aos requisitos específicos do país. A profissão de Biomédico não é regulamentada nos Estados Unidos, e cada estado possui suas próprias exigências para a prática profissional nessa área. Geralmente, é recomendado que o Biomédico obtenha uma equivalência de seu diploma estrangeiro por meio de avaliações de credenciais realizadas por órgãos competentes nos Estados Unidos. Além disso, é importante que o profissional obtenha uma licença ou registro profissional específico do estado em que deseja atuar, caso seja exigido. Quanto às perspectivas de mercado de trabalho para Biomédicos habilitados em Fisiologia do Esporte nos Estados Unidos, elas podem variar dependendo do estado e da região em que se deseja trabalhar. Em geral, existem oportunidades de emprego em instituições de pesquisa, universidades, clínicas esportivas, equipes esportivas profissionais, centros de treinamento, hospitais e outras instituições relacionadas à saúde e ao esporte. O mercado de trabalho nessa área pode ser competitivo, especialmente em regiões mais desenvolvidas em termos de pesquisa e prática esportiva. No entanto, o interesse crescente na promoção da saúde, no desempenho atlético e no bem-estar físico pode abrir portas para Biomédicos habilitados em Fisiologia do Esporte, especialmente aqueles com experiência e qualificações adicionais, como certificações reconhecidas internacionalmente. É importante ressaltar que a busca por oportunidades de estágio, residência ou colaboração em instituições renomadas e a participação em eventos científicos e redes de pesquisa podem contribuir para o desenvolvimento de contatos profissionais e aumentar as chances de inserção no mercado de trabalho nos Estados Unidos.