A oferta da Educação da Distância (EaD) para cursos da área da saúde foi tema do debate promovido pela Comissão de Educação da Câmara dos Deputados na última terça-feira (8). O evento contou com a participação de autoridades governamentais, representantes dos Conselhos Profissionais e das instituições de ensino superior para discutir essa questão que há tempos causa polêmica em torno das graduações de saúde de todo o país.
Os representantes dos Conselhos Profissionais temem que a qualidade das graduações caia com a ampliação dos cursos para a modalidade EaD e que isso tenha impacto na prestação de serviço à comunidade. O coordenador do Fórum dos Conselhos Federais da Área da Saúde, Cassio Fernando Silva, reforçou que os cursos precisam de treinamento de forma continuada, algo que é inviável na graduação a distância.
Já a representante do Conselho Federal de Enfermagem, Dorisdaia Humerez, destacou que no curso a distância, apenas 20% do tempo são dedicados a atividades de laboratório nos polos de apoio presencial da faculdade, presentes em apenas 40% dos municípios brasileiros. Ela ressaltou ser calamitosa a situação dos polos de apoio presencial e disse que o Conselho Federal de Enfermagem já encontrou unidades funcionando nos “fundos de uma padaria.”
Da grade curricular exigida nos cursos a distância apenas 20%, que equivale aos dois últimos semestres, será presencial. A fiscalização do Ministério da Educação (MEC) nos polos, é realizada por amostragem, diferentemente do que ocorre no ensino presencial, favorecendo a proliferação de cursos de má-qualidade. No entanto, o presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Curi, defendeu que o ensino à distância é supervisionado com as mesmas diretrizes dos cursos presenciais e pode ampliar a oferta de curso superior no Brasil.
“Se há desmazelo, irregularidade, o descumprimento do atendimento a interesse social de curso a distância, é porque também há esse mesmo desmazelo em cursos presenciais”, disse Curi. “Porque quem descumpre uma regulação não é o curso, é a instituição. E a instituição que oferta curso presencial também oferta cursos a distância. Essa instituição tem que ser punida.”
A Dra Zilamar Fernandes, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul corroborou com a opinião do Dr Cássio Fernando Silva e destacou que “a EaD tem que ser usada como complemento, não como substituição da graduação”.
Com informações: Câmara Noticias